Trabalho desde os meus 13 anos. Fiz festa pra fora, dei aula particular, vendi salgado com minha mãe, estagiei etc. Tinha uma vida normal para qualquer mulher do nosso século e que nasceu nos anos 80, onde a ideia de que o trabalhar fora de casa é a única opção saudável de vida para uma mulher. Na minha cabeça nem cogitava a hipótese de ficar em casa lavando, passando, cozinhando e cuidando de criança. Como muitas amigas por aí eu dizia: Ficar em casa?! Nem pensar. Vou voltar a trabalhar assim que Laura completar 6 meses! Quanto engano! Quanta inexperiência!
Assim que tive a Laura decidi com Jotha que não poderia deixa-la tão cedo! Eu não queria que outra pessoa visse suas gracinhas e suas experiências primeiro. Não queria que outra pessoa a educasse, ensinando o certo e o errado. Não queria perder a oportunidade de cuidar da sua alimentação, da sua higiene, do seu aprendizado. Tudo mudou! Minha prioridade agora era ela. Inevitavelmente! Não foi uma decisão. Foi um grito dentro da minha consciência e coração.
E não me arrependo em nenhum um momento dessa decisão de largar tudo e me tornar mãe-dona de casa. Claro que em algum momento de estresse e TPM você se pergunta: Cara! O que foi que eu fiz?! Mas, no primeiro sorriso, ao observar o seu filho entendendo e aprendendo tudo o que você ensina, o sentimento de satisfação volta com força total.
Sou grata ao meu esposo que é um homem sensível a nossa vida familiar ao ponto de assumir as responsabilidades financeiras, tendo que aumentar sua carga horaria de trabalho, para suprir nosso lar. E ainda mais grata a Deus que tem dado forças e trabalho para ele.
Tenho muitas amigas que decidiram largar suas vidas profissionais por um tempo determinado para doar toda a sua energia, atenção, amor, carinho e dedicação a seus filhotes e são tão gratas como eu porque conhecemos tantas outras que adorariam ficar com os seus mais não podem. Por muitos motivos! O marido não entende; são mães solteiras; são as que sustem o lar, são o braço direito do marido financeiramente e a casa não resistiria sem sua renda…e algumas que simplesmente não conseguiram abdicar porque não conseguem parar de trabalhar fora. Mas, até essas, no fundo, no fundo, desejam ter mais tempo com seus filhos. Desejam poder sair um dia de tarde e levá-los ao cinema, a pracinha, a praia ou simplesmente deitar ao seu lado no soninho da tarde e ficar sentindo seu cheirinho. Todas nós, no final das contas gostaríamos de sermos as primeiras a vê-los engatinha, andar; falar; dançar; jogar beijo…É de suma importância não julgar. A decisão de ficar em casa com os filhos ou trabalhar fora é única e exclusiva dos pais. Cada família procura realizar o que é melhor para si. Cabe a gente, que é mãe e pai entender e se colocar no lugar do outro.
Infelizmente o mundo moderno, cheio de problemas financeiros nos empurraram para uma fila estreita e sem saídas pela lateral. O negócio é seguir em frete ou voltar na contramão. Algumas podem e decidem voltar. Outras são empurradas a seguir em frente. O importante é, seguindo em frente ou voltando, amarmos, estarmos presente, educá-los e sermos responsáveis com nossos filhos. É isso que Deus vai nos cobrar, é isso que eles vão nos cobrar, é isso que a sociedade vai nos cobrar…é isso que devemos nos cobrar. Dá culpa de não poder ficar em casa com eles ou de ter abandonando, mesmo que temporariamente, nossa vida profissional, dessa culpa devemos nos livrar. Porque ninguém consegue ser bom em nada sentindo culpa!
Por: Roberta Kaiber